Quem disse que é possível medir
um afago que tudo abraça,
presságio doce de eternidade,
uma certeza sem nome próprio?

Quem disse que é possível medir
essa confiança de cabra-cega,
gato-mia no cio,
salto ornamental no vazio?

O tempo se faz presente
e a gente continua a construir
nossa encruzilhada das manhãs
no sagrado café preto diário.

A noite vira dia
e a gente continua a perpetuar
a ordem das coisas postas pelo acaso,
respirando palavras pela boca sem precisar dizê-las.

(2017)